HISTÓRIA DO BASQUETE DO DF





Trajetória esportiva de Bertrand Wanderer

A minha história com o basquete começou por acaso. Minha família, tanto paterna quanto materna, tem origem no Rio Grande do Sul e, durante longo tempo da minha infância, sempre íamos visitar os familiares no sul do país. Num país como o Brasil, o futebol sempre foi a paixão nacional e por isso quando criança eu achava que o único esporte que existia era o futebol. Meu pai sempre jogou bem o futebol e, por diversas vezes, tentei aprender o esporte com ele, mas infelizmente, com os pés, nunca tive tanta habilidade. Entretanto, desejava ardentemente que inventassem algum esporte que se jogasse com as mãos.

Um dia, numa certa manhã, na casa de meus avós paternos, meu pai me viu quicando uma daquelas bolas de plástico enormes de um lado para o outro da varanda e ao ver tamanho entusiasmo na minha brincadeira me parou e me questionou se eu não queria jogar basquete. Fiquei tão surpreso com a pergunta que de imediato lhe questionei: “o que é basquete?”. Com um belo sorriso nos lábios ele me respondeu que era um esporte que se jogava com as mãos. Naquele instante percebi que minhas orações foram atendidas, encontrara o esporte que tanto procurava. 

Ao retornar a Brasília, meu pai me matriculou na escolinha de Basquete da 315 norte e ali, em fevereiro de 1989, começou a minha paixão. No início, eu apenas frequentava os treinos, aprendia as técnicas e fazia amizades. Não sei bem quando o amor se tornou um vício, mas o momento marcante na minha vida esportiva foi em 1994, quando no campeonato brasiliense da categoria mini, num jogo na ASCADE contra o time da casa, após um lance livre, trombei em um amigo e tive um entorse no punho direito. 

Por conta da lesão tive o antebraço direito engessado e recebi a recomendação de ficar de repouso por um mês. A nossa equipe, à época, era a penúltima na competição, só não era a última, pois havia um time que perdera todos os jogos por “WO”. Depois de ouvir, por acaso, um comentário do pai de um colega que o nosso time não tinha futuro e que eu tinha apenas tamanho, tive uma mudança de comportamento. Após uma semana com o braço imobilizado, retirei o gesso em casa mesmo, peguei minha bola e fui treinar sozinho na quadra poliesportiva da 315 norte. A partir daquele dia, além dos treinos com a equipe, que ocorriam de segunda a sexta, eu também treinava no sábado e no domingo. Os meus finais de semana sempre começavam às 05:30 hs da manhã, pois às 6 hs eu deveria estar na quadra treinando. Passava a manhã batendo arremessos de diversos cantos da quadra, treinava sozinho as jogadas do time, ganchos, lances livres, corrigia minha base de marcação. A tarde, sempre havia uma pelada e ali eu colocava em prática tudo que eu praticava. Na manhã de domingo, voltava ao treino sozinho e a tarde passava revendo minhas gravações dos programas de basquete e das fitas VHS com os documentários da NBA.

Foi com esse espírito de determinação que fui para a semifinal do campeonato mini de 1992. Estávamos desacreditados, pois éramos o terceiro colocado e enfrentaríamos a temível ASCADE (segundo colocado da competição). Creio que o meu esforço, aliado a força de vontade de nossa equipe, fez com que vencêssemos o jogo e avançássemos à final. No jogo decisivo enfretaríamos a equipe do Vizinhança, time invicto na competição e o grande favorito ao título. O jogo foi emocionante, com as duas equipes alternando a frente do placar. Outro ponto alto do jogo eram as torcidas, o ginásio do Clube Vizinhança estava lotado, de um lado a torcida da casa e de outro a nossa. Foi um momento marcante, pois no final, sob o olhar atônito de todos, vencemos e nos tornamos campeões da cidade.

Essa realidade se repetiu nos dois anos seguintes. Graças ao meu esforço, melhorei o meu jogo e além de jogar na minha categoria, era titular na categoria imediatamente acima da minha e já bancava na acima dessa. 

Em razão do meu desempenho tive a oportunidade de ser convocado para a seleção brasiliense e participei de três campeonatos brasileiros (1997, 1998 e 2000). Após o campeonato brasileiro de 1997, realizado em São Paulo, fui convidado para integrar a equipe da Clínica Francana de Basquete, em Franca/SP, bem como a equipe do Pinheiros, em São Paulo/SP. Após visita aos dois clubes, decidi integrar o time de Franca. Foi uma experiência única. Apesar de não ter sido convocado para a seleção paulista, integrei a seleção brasiliense no campeonato brasileiro de 1998, realizado em São Leopoldo/RS. Graças ao meu desempenho no torneio, fui convocado para a seleção brasileira e participei do campeonato sul americano de basquete infanto realizado em Guanare, na Venezuela.

Em 2000, ingressei no Flamengo, onde permaneci por um ano e fui vice-campeão carioca. No ano seguinte, 2001, voltei para São Paulo e defendi o time de Guarulhos. Por razões pessoais, em 2002 resolvi deixar o esporte. Desde então, acompanho de longe a carreira de vários amigos que fiz ao longo da minha trajetória. Com muitos mantenho contato, com outros fica a lembrança. Contudo, no fim, vejo com satisfação tudo que fiz e não me arrependo de nenhuma decisão que tive. Hoje, todas as qualidades que conquistei graças ao esporte, aplico na minha vida familiar e profissional. Com isso continuo conquistando meus sonhos e realizando novos desafios.

4 comentários:

  1. A intenção é contar um pouco da história do basquete do Distrito federal. Uma das maneiras de se fazer isso é através da história das pessoas que se destacaram nessa modalidade!

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  2. Desculpa a pessoa acoma mencionada é o Bertand, companheiro de longa data! Na primeira foto ele é o primeiro da direita para esquerda, camisa 15 ao lado de um dos membros da comissão técnica. Sempre foi um exemplo de esforço, dedicação ao esporte e acima de tudo um grande amigo daqueles que costuma aparecer raramente nos dias de hoje!
    Um fato curioso aconteceu em 95 creio eu, um quadrangular de basquete foi disputado na cidade e contava com a equipe do Fluminense (Marcelinho Machado jogava lá na época), uma equipe da Argentina e creio que as outras duas eram daqui. Durante o intervalo eles chamaram algumas pessoas para participar de um desafio de três pontos. Fui pra final disputar um boné do Fluminense com o Bertrand e acabei perdendo...detalhe que eu sou torcedor do Fluminense. Essa ele ficou me devendo!

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  3. Parabéns pelo Blog Rafa, e pela história do Bertrand companheiros de equipe por alguns anos.. abs

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